
Povo na Ruas de Porto Alegre deram o respaldo para que Brizola formasse a Rede da Legalidade e pelas ondas da Rádio Guaíba cujos transmissores confiscou, organizou a REDE DA LEGALIDADE que espalhou a rebelião contra o Golpe pelo Brasil inteiro. Ali o Brasil não caiu. O Golpe Militar foi contido.
Nestes tempos onde o Bolsonarismo esta instalado em parte de corações e mentes apartados da memória de lutas e dissociadas da Consciência de Classe, por uma mídia canalha e por uma rede inescrupulosa de mentiras e fake News, Resgatar a memória para reavivar a consciência.
Leia pequeno artigo sobre a Rede da Legalidade e ouça o Discurso Histórico de Brizola que inaugurou as transmissões da Rede da Legalidade, publicado em Aventuras Na História

Em 25 de agosto de 1961, o presidente da República Jânio Quadros renunciou ao mandato, por motivos que até hoje não se sabe ao certo. O vice-presidente eleito, João Goulart, do PTB, era quem, constitucionalmente, deveria assumir. Porém, aquele mês seria muito mais conturbado.
O motivo era que os militares não queriam que Jango assumisse o cargo. O exército não aceitou que Jango pudesse governar o Brasil, pois afirmavam que ele estava associado demais à forças populares e de esquerda, a ponto de acusá-lo de comunista.
No momento da renúnica de Jânio, Jango voltava de uma viagem diplomática na China, país comunista cujas relações com o Brasil os políticos tentavam reatar. Diante desse cenário, o Exército define que seria absurda a posse de Goulart.
Por isso, uma junta militar foi ao Congresso Nacional pressionar os deputados para tentar assumir o Poder, a partir de suas ligações com as cabeças das duas casas, Ranieri Mazzilli e Auro de Moura Andrade. Pouco antes de Jango sair da China, é anunciada a primeira tentativa de golpe. Jango foi então instruido a voltar pela rota do Pacífico e entrar no Brasil pelo Rio Grande do Sul, onde tinha apoio popular do então governador, Leonel Brizola.

É justamente essa a figura central deste momento. Com Jango no exterior, Brizola era o maior quadro do PTB no Brasil. E sendo ele muito mais radical que Jango, sua posição era clara: aquele golpe ia ser barrado, custe o que custasse.
Então, Brizola desceu até os porões do Palácio do Piratiní, sede do governo gaúcho, onde montou e ligou o sistema de rádios. No rádio, foi anunciado e começou a discursar para o povo brasileiro, convocando os batalhões do exército e o povo às ruas para barrar o golpe. Declararam a Campanha da Rede da Legalidade, dedicada a assegurar, por política ou à força, a posse de João Goulart, como previsto em Lei.
Entre as questões abordadas pela Campanha da Legalidade está o fato de que, conseguindo apoio de diversos generais, do Exército do Rio Grande do Sul, dos trabalhadores de São Paulo e setores goianos, Brizola dispôs à população todo o armamento disponível.
Transformou também o palácio em uma barricada e convocou, no caso de mantimento do golpe, uma greve geral. Brizola fechou as escolas de Porto Alegre, mandou as crianças para junto dos pais e abonou qualquer falta dos trabalhadores do setor público.

A ala golpista do Exército brasileiro ameaçou bombardear o Palácio do Piratiní com o governador dentro, mas Brizola não largou mão. Quando Jango chegou no Brasil, discutiu muito com Brizola, pois, Jango queria encontrar uma solução conciliatória para assumir e tentar passar reformas de esquerda. Já Brizola não queria abrir espaço para o aumento do poder dos militares, que o conseguiam por vias ilegais.
Jango queria negociar, Brizola resistir. E por 14 dias, a tensão rolou solta.
Jango então vai para Brasília negociar com os militares. A proposta dos golpistas, para conciliar o golpe com a constituição, era que Jango assumisse com poderes reduzidos, em um sistema parlamentarista.
A contra-gosto, para impedir um banho de sangue no Brasil, Jango aceitou as demandas militares e assumiu a Chefia do Estado sem plenos poderes de Chefe de Governo (que passaram para Tancredo Neves, primeiro-ministro). Isso durou até 1963, quando um plebicito fez retornar o presidencialismo no país.
Brizola marcou o país pela campanha que conseguiu articular em nome da Resistência Democrática. Em 1964, quando Goulart leva um novo golpe, Brizola tentaria novamente iniciar a Rede da Legalidade, mas Jango o impede, para que não se iniciasse uma Guerra Civil no país. Contra ditaduras, Brizola sabia que isso significava se entregar ao autoritarismo e à barbárie. Ele estava certo.
Confira vídeos do discurso: